Minha vida inteira fui rio
Cel
Passei parte da minha vida
olhando o rio correndo para o mar
eu o olhava encantada,
esperando que em suas águas
também levasse minhas mágoas ...
Passei quase minha vida inteira,
feito boba, enamorada,
olhando as águas
e sonhava ...
Me sentia um fio,
um pequeno filete de água,
ali entre as águas,
como se fosse eu lágrima salgada,
como se fosse eu,
dor e saudade ...
E eu lhe joguei flores,
o presenteei com o meu amor,
me vesti de princesa
e o namorei ...
Mas as águas passavam
e eu também ...
Já não eram mais as mesmas águas,
nem eu também ...
Já não sentia saudade,
já não jogava flores, nem me enamorava ...
Percebi tarde demais,
que a vida passara e eu,
me havia imolado, sacrificado
por nada !
Lá no alto,
meu céu de azul, tingiu-se de cinza,
meus pardais se foram,
hoje voo como as águias,
cansada galgo, escalo espaços
em busca de minha última morada ...
*** Labirintos da Alma ***
Cel (Cecília Carvalho)
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