sábado, 15 de agosto de 2009

Vida

VIDA
( ROSE AROUCK )

Vida que escorre dos poros
e da boca
para alguns é caso sério,
para outros é jogada louca,
atinada, disseminando o prazer.
Vida é propícia
quando se derrama com uma meta
subjugada num caminhar sem pressa.

É um presente excepciona
pois é um fenômeno sem igual.
Precisa-se tudo entender.
Vida é dom de pura magia
excelente ponto de partida
a dar início
na espetacular fórmula de nascer.

Mas para se ter Vida tem que saber
que se não acompanhar o tempo certo
vai morrer de sede num deserto
e perder a chance de aprender.

Não passe pelo Mundo
deixando um penar profundo
Na lembrança do sofrer.
Antes da escalada
soará em badalada
o veredicto final...
Acredite, é divinal
quando se sabe viver.

Meu "Eu" virou bandido

MEU "EU" VIROU BANDIDO
( ROSE AROUCK )

Estou vazia de mim
e com vontade de sair
de dentro do meu sonho.
Conviver comigo
está se tornando medonho;
vejo nuvens nubladas
tapando o sol de minha alma.
É uma solidão sem razão
que me faz perder a calma.

Meu "Eu" está insurpotável,
pesado, difícil de aturar.
Devo mudar de lugar
e deixá-lo no beco da incompreensão
onde ele se sente protegido.
Meu "Eu" virou bandido!
Eu sem mim estarei melhor,
embora o que sobrar
vire pó ou aperte o nó.
Não importa o que aconteça,
estarei livre da minha cabeça
que pensa em uma meta perfeita
onde meus pés se recusam a pisar.
Serei feliz assim, podem acreditar.


Assumida

ASSUMIDA
( ROSE AROUCK )

Assumo o meu defeito
de querer todo o direito
que me lega sobre ti.

Assumo ser implicante
de trazer o peito arfante
quando te afastas de mim.

Assumo a petulância
de exigir a vigilância
dos teus atos contra os meus.

Assumo que seja válido
o pedaço que me cabe
nessa partilha por Deus.

E que assumindo eu esteja
correta e que por fim veja
o amor nos olhos teus.


Posso sim!


POSSO SIM!
( ROSE AROUCK )

Posso sim!
ser a única
a tentar...
Mas jamais sereia
a última
a conquistar...
Posso sim!
Essa corrida ganhar,
esse Mundo driblar,
nessa vida tudo contornar
pra o gosto não ser ruim.
Posso sim!
Só não posso
deixar de te amar.

Venha todo pra mim

VENHA TODO PRA MIM
( ROSE AROUCK )

Pés descalços
cabelos ao vento
mente acessível ao bom pensamento.
Lá vai meu vulto
correndo para os braços do amor.

Na maciez da grama fria
meus passos soam leves
nas circunstancias tão breves
que faz a noite virar dia.

Voam brejeiros meus sonhos
de encontro aos teus.
Foi a esperança que trouxe
de longe com alvoroço
para os desejosos braços meus.

E eu deito nesse tapete de emoção
cheia de vontade
no desejo que arde...
Que seja a consagração
da minha inquietude a latejar no meu tesão.

Ah! mais pode querer pois eu já quero
que sejas eternamente sincero
e venhas todo pra aplacar esse vulcão.

Nasci na madrugada



NASCI NA MADRUGADA
( ROSE AROUCK )

Era um dia comum
sem estigma nenhum
nada a acontecer...
Foi assim o meu nascer.

Esperei em genuflexo
que soasse o tal reverso
que pudesse me expulsar.

Eu preguiçosa não via
que manso corria o dia
estava a hora a chegar.

Não queria a claridade
meus olhos de tanta idade
feriam ao sol mirar.

Esperei na quietude
respirando a mansuetude
gloriosa do lugar.

E quando veio a madrugada
com seu ritual de fada
a manhã anunciar

Festejei o nobre instante
meu corpo débil e infante
pode o Mundo abraçar.

Será?


SERÁ?
( ROSE AROUCK )

Será que estou iludida?
Será que a pauta da vida
é grande e mal resolvida,
transformando decidida
minha ponte apodrecida
que me nubla a travessia,
sem chance de opção?
Deverei atravessar?
Posso até está errada,
mas serei a contemplada
se tomar a decisão?
Será?

Uma lágrima


UMA LÁGRIMA
( ROSE AROUCK )

Uma lágrima quando cai dos
olhos triste
é a muda palavra que existe
para a dor aliviar.
Uma lágrima...
Apenas uma lágrima,
é uma gota orvalhada
que faz a flor revigorar.
A nossa alma enxágua...
e como a benção da água
vem a saudade regar.


Meu caminho não tem fim

MEU CAMINHO NÃO TEM FIM
( ROSE AROUCK )

Vou deitar-me nas doçuras
que plantam quimeras
dentro das esferas
purificadas no odor.
Vou contar estrelas
num relance que assemelha
o ráio que traz centelha
de um céu coberto de flor.
Vou virar rainha
de uma cidade só minha...
Lustrar castiços vitrais
com as cinzas dos acenstrais
perpetuados em mim...
Meu caminho não tem fim.
Sou flor que nasce em ribeira
colhida por mão primeira
secada na ribanceira
fluidificada na dor.
Sem teto nem algibeira
ainda assim me consolo
por tantas noites que choro
a falta do meu Amor.

Rose Arouck - Biografia

Rose Arouck

Nasci em uma madrugada quente do dia 11 de fevereiro
de 1957, na cidade de Belém do Pará. Vivi 14 anos na
Bahia, porque me casei com um baiano aos 16 anos.
Quando esse casamento findou vim para o Rio de janeiro
onde vivo até hoje.
Atualmente sou descasada.
Acho que já nasci escrevendo rssss pois sempre fui
uma criança quieta e intropesctiva, sonhadora e fiel
às minhas metas.
Sou Jornalista, poeta, e naturopata.
meu endereço de email:
rosearouck@gmail.com

Até Sempre.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Águida Hettwer- Biografia



Biografia

Águida Hettwer

Nasceu em 31 de março de 1974 na cidade de Horizontina no
Rio Grande do Sul.

Mora atualmente em Sapiranga/RS. Dedica-se às letras e as
Artes no seu contexto amplo, desde muito jovem.

Aprecia a simplicidade, a natureza, animais de estimação,
Antiguidades e seu legado na história.

Acadêmica de psicologia Feevale-RS.
Faz da escrita uma terapia.

sábado, 8 de agosto de 2009

Café morno...





Café morno...
Águida Hettwer


Sentada em um confortável estofado lilás, folheando uma revista qualquer de esculpidas imagens de famosos, aguardando ser chamada para mais uma consulta de rotina. Falta-me o silêncio dos pensamentos nessas horas, entretida observando o vai e vem das pessoas.


Feito um intrigante e metafórico poema sendo escrito, vou desvendando as almas, em desleixo alinhado de suposições. Quando chega à casa dos trinta e uns, percebe-se o peso a mais na silhueta, de casamentos monótonos, olheiras profundas e risos contidos e amarelados.


A memória recuperar o tempo estático, nos porões das inquietações, retorna a dar os primeiros passos no pátio da infância, pintando sonhos em riscos mal feitos. Cresce em rebeldia de adolescente, converte-se na maturidade, e muitas vezes deixam-se morrer aos poucos na rotina dos dias.


No mural da vida, nenhum recado ousado, e muito menos um encontro marcado, para quebrar a rotina, curar as feridas e noites mal dormidas. Nenhum beijo roubado, nem papo furado, misturado em boas gargalhadas. Que tal uma roupa cheirando a nova, escrito na etiqueta, “Vá ser feliz”.


Quando o viver entra num processo de rotina constante, a melodia sempre a mesma, tudo fica “mecânico”, sem emoção. É como preparar um delicioso café, e ir prová-lo, quando já está morno, amargo e forte. O gole tem gosto de ferrugem e cheirando a velharia.


Se a vida lhe sorrir hoje, aproveite!
Se não... Faça cócegas nela.


18.05.2009

Amém...




Amém...
Águida Hettwer


Até quem negue de pé junto, ainda assim não me convenceria, ando a paisana atrás das letras, faço lista de pensamentos, rebobino as lembranças de infância, e me vem à cena do chamado da mamãe, procurando-me e eu escondida, rabiscando nas portas do armário.

Pequeno delito do qual fui absolvida, como pagamento, fiz pacto com as palavras, presto serviço voluntário. E na varanda da alma, range meus pensamentos, feito cadeira de balanço. Limpo os pés no capacho da memória, e ainda sinto o perfume de rosas, colhidas no jardim à frente de casa.

Nunca namorei no portão, por que simplesmente não tinha, e precisaria para quê, pergunto eu ao passado. Se o único risco seria de um beijo roubado e a vizinhança comentando do lado. Bons tempos àqueles que o sermão vinha com prenda de orações. E a simplicidade tinha sabor de fruta madura, apanhada na campina.

E se ter uma mochila de lembranças nas costas, é sinônimo de rebeldia, estou condenada. A terra vermelha encardiu-me a alma, deito-me a sombras dos pés de chorões e o vento minuano espalha minhas ideias. Tinge o céu de aquarela, pisando em sonhos de algodão.

No palco da vida, sou a platéia, o oculto trabalhador dos bastidores, o diretor e o protagonista da minha história. Rezo terço de poesias, conto histórias minhas e suas nas entrelinhas. Cruzando os dedos em adoração a Deus, sou página em branco, onde Ele me tem pelas mãos, e molda-me pelas bordas.

E no término de mais um dia, as cortinas se fecham, as luzes se apagam, que eu possa devolver as letras as emoções e anseios que tomei emprestado. E o meu falar e agir que rege meu mundo seja por amor, espelho de vida.


Assim seja!




22.06.2009

Tudo bem!




Tudo bem!
Águida Hettwer



Curioso de como nos defendemos de possível opressores, pelo simples fato, de sermos interrogados de como estamos, usamos de uma linguagem econômica, contamos sílabas para dizer que estamos bem. Como se estar bem, fosse ditadura, ou exílio na certa em algum forte.


Esboçamos tal conceito sem perceber, por que talvez a sinceridade lhe custe à vida passada a limpo, e como se fosse revelado a deus dará aos ecos de um alto falante. É preferível remediar a ferida, antes que sangre, amenizando a dor sentida, vigiando o próprio vocabulário. Onde a ameaça e censura.


E a saída de emergência, fica um pouco longe da dura realidade. A cova está aberta, basta apenas que lhe empurrem. Os olhares maldosos, não dormem no ponto. Mas são eles que nutrem seus agouros em prisões. E trancafiam emoções em nome das aparências.


A entrega exige aceitação, por isso à sinceridade mora ao lado do silêncio, pactua de harmonia, sem falsas promessas. Aceita sem contestar, os “motivos da ação” e eles são amigos do bom censo. A liberdade do pensar e agir, consiste em sermos gente, tomando pra si as razões do outro.


E renovar os votos com a felicidade, custe-nos um preço salgado, mas pode ser parcelado em cartão de crédito em suaves prestações a perder de vista. As lembranças não têm prazo de validade, são recursos renováveis. O amor transborda em fonte de compreensão, une-se em mosaico de diálogo.


Não nascemos para sermos sozinhos, vivemos para desfrutar confiança, pessoas felizes, envelhecem juntas, apóiam-se umas nas outras. Ainda que a legenda do olhar precise de tradução. Para amar não precisa de explicação, ama-se com ou sem razão.


Um lápis colorido sem pontas, não tem serventia, é apenas um lápis...


27.05.2009

Por tanto te amar



Por tanto te amar
Águida Hettwer


Fizeste senhor de minhas horas,
Estrofe de verso, prosa e magia,
Cerne suspenso nas entranhas,
Miragem dos olhos em poesia.

Sob o templo do teu corpo,
Estende suprema adoração,
Maná colhido em solo sagrado,
Tesouro guardado no coração.

Deleito em tapete de carinhos,
Quando o sol deita-se cedo,
Tece rendas com as mãos...

Em pétalas caídas de mim,
Fez-me tua rara flor!
Em lembrança viva cor.

18.05.2009

Entre os cachos do amor





Entre os cachos do amor
Águida Hettwer


Nos retratos não há alas separando o passado, o próprio texto encontra seu caminho, nas folhas amareladas. O apontador do lápis é deixado ao lado do rascunho, há tantos riscos para serem traçados, e sem disfarces, percebe-se a euforia das linhas.

Num jogo de sedução e nostalgia, como despentear os cachos no travesseiro, em noite de amor e fantasia. A chuva dá o tom maior, as cortinas se fecham, dando lugar para o silêncio dos amantes. Onde não há fuso horário, na realidade que ali se faz presente.

Apara-se a franja, para que se veja melhor, o laço afetivo que prende. Na biografia do amor, o prefácio, é pontilhado de inquietações, conduz em versos de ternura, no entusiasmo do olhar que se rende. Em doce magia se curva, com pressa se despe em confessionário de emoções.

Enlaça abraços e se faz refúgio, aconchega beijos entre carinhos. O amor não confere sobrenome, ou linhagem de nobreza, salpica estrelas na escuridão, se faz presente mesmo em silêncio. Quebram-se as vidraças do ego, para chamar atenção.

Perde-se o senso e a razão, no amor somos mimados e dependentes, crianças carentes, espelhos refletidos de fragilidades. Quando o amor chega, um ciclo se inicia quanto mais confuso e intenso, mais se vicia.


O amor é a crônica narrada do dia a dia, paisagem decorada de fantasia, universo paralelo, cerne de sabedoria, sobrepõe às dúvidas e contradições. Inspira sonhos, traz a vida encanto e alegria.

O amor sorve-me aromas, devolve-me em poesias...




30.05.2009

Enamorados




Enamorados
Águida Hettwer

O amor chega sem aviso prévio, senta-se na sala de estar da alma, deita sonhos em almofadas de cetim, seduz o tempo e o espaço, aproxima-se sem cerimônias, o beijo atravessa a rua da infância, brinca de esconde-esconde, e descobre que um novo horizonte descortina logo ali.


Na brevidade de um verso, o soluçar das lembranças, no derramar das lágrimas cultiva o sal do tempero para a vida. Em caligrafia emendada no tempo de convivência, amontoando cenas, de lençóis desarrumados e confissões em silêncio. Abrindo gavetas, retirando o lenço, envolvidos pelo sentimento.


Os enamorados, não barganham descontos e nem economizam nos elogios, erram de propósito o caminho, para descobrir novas paisagens juntos. Assoviam para a vida com alegria, cantarolando poesia, mesmo sem ritmo. Fazem planos, pintam estrelas de fulgurante luz, em noite sombria.


Quem ama, desliza os anseios em corredor de emoções, vê graça na piada mal contada, ofusca defeitos, conta segredos, como se abrisse o coração para um íntimo amigo. Lê jornal de trás para frente, conferindo o que diz o horóscopo de hoje. Partilha do melhor pedaço do morango, conta dias, meses e anos. Celebra cada gesto, com festa de arromba.


Quando a vida permeia em estado de graça, o amor alonga-se na extensão das raízes da alma, disputa afagos, adivinha-se o final do filme, no roteiro do olhar. Retira o pó dos livros, folheando sonhos, cumprimentam-se os dias, sem medo da resposta. A memória armazena o essencial, para lembrar na eternidade.


No amor a letra ilegível é decifrada, feito poesia de bolso, sublinhando emoções, excelso conteúdo, pequeno na sua perfeição.



11.06.2009

Fases




Fases
Águida Hettwer


A criança que vive em mim, faz manha para não querer dormir. Ainda é cedo para a realidade. Mesmo sentando-me alinhada, vestida a rigor de colégio de freiras, compenetrada nas lições. Prefiro a interrogação a o ponto final. De água benta, banhava a fronte em respeito à tradição. Talvez quisesse quebrar as regras, sem ter noção.


O peso da xícara de chá faz-me dosar o afeto contido, nas histórias que ouvia na companhia das minhas ilusões. Entre as lascas de lenha queimando ainda restaram fagulhas de emoções. Acima do rústico fogão, varais estendidos de lembranças. Nas arestas do tempo, o pensamento desenhava as linhas no papel.


Bordando vozes e cenas, vou contando casas, nos quadrados de cânhamo das minhas inquietações. Quisera no pátio da infância pisar fora da calçada, sem que a mãe ralhasse, por tanta proteção. Permitindo-me esfolar o joelho, caindo de bicicleta até aprender. Dando asas ao sonho, sem medo de sofrer.


Mesmo com tanto reparo, não me converti às tragadas do cigarro, foi apenas curiosidade que dá e passa. Lembro-me, com riso no canto dos lábios, juntava a mesada, para comprar camiseta de “Metaleiro”. Hoje nem de brinde no um e noventa e nove, não usaria. São as fases da vida!


Contando até dez, brinco de esconde-esconde com as letras. Faço careta para o mau-humor, desafio a monotonia, rezando um terço pela vida. Aprecio o silêncio demorado da memória, onde minhas doces lembranças não envelhecem no porta-retrato do tempo.


30.06.2009

Prisma



Prisma
Águida Hettwer


O amor debocha com a vergonha, faz passeata, pinta a cara, exige direitos autorais nos livros da consciência. O papel pensa em voz alta, solta os fantasmas que estavam presos. É a isca e o anzol da relação. Não se faz de rogado, permite-se a ultrapassar as barreiras.

Uma vida a dois, são duas vidas unidas em laços, mas nem por isso perdemos os gostos e os paladares. Cada um possui a sua identidade e digital, no código de barras da existência. Apreciamos cores de diferentes matizes, torcemos por times opostos, um gosta de doces, o outro tem apreço pelo salgado. Uns acreditam que a vida começa aos quarenta anos, outros morrem no casamento.

Fazem de escudo os próprios filhos, deixam de concretizar sonhos, por eles e por causa própria deles. Assinam o testamente antes da hora, e doa-se a usufruto. Reprimem-se, ao serem elogiados, as vogais e consoantes lhes são estranhas, pois são acostumados ao descaso. Em prol da felicidade alheia, esquecem da sua.

A vida passa lenta e em fila indiana, mas quando se percebeu os passos não tem o mesmo vigor de outrora, no entanto a caminhada continua. No lar, muitas vezes os herdeiros já se foram, cada um cuidar dos seus afazeres. Restaram apenas às confissões das paredes, o canto da mesa riscado, o abajur quebrado. E a solidão interior permanece mesmo nos almoços de domingos.

Despedimo-nos da vida, ao deixar que os desejos reprimem-se nas gavetas, confinados ao medo. Quando se gosta de alguém, em prismas paralelos, o incentivo vem antes da aprovação, há zelo na ponta dos dedos, doçura na saliva, mansidão no palavrear. Quando se ama, espelha-se um no outro, sem alterar a legenda que cada um carrega no olhar.


04.07.2009

Para fazer alguém feliz...



Para fazer alguém feliz...
Águida Hettwer

Não precisa muito aparato, nem pagar promessas, ou fazer mágica tirando da cartola um mundo de ilusões. A felicidade na maioria das vezes, escora em nosso ombro, faz peso e não nos damos conta disso. Lembre-se lá do pátio da infância, como era fácil ser feliz quando éramos crianças.

Juntávamos uma porção de quinquilharias, jogava pinica com a garotada, trocava figurinhas de jogadores da época, ralhavam os joelhos, na tentativa de aprender a andar com a sua “Caloi” a sensação do momento, e hoje em dia, sonha com o “Carrão do ano”, para conquistar a “mulherada”, por pura exibição e massagem no ego.

Vestia-se com as roupas da irmã mais velha, compradas em alguma loja que vendia, “à quilo” ou em promoções, adquiria-se uma peça e levava duas, pelo mesmo preço de barbada, e na sua sã concepção parecia estar desfilando na passarela do “Fashion Week” ao lado do Gianecchini.

Na atualidade, compramos futilidades, para preencher o grande vazio da alma, pagamos um alto preço nas etiquetas, por modismo barato e sem nexo e continuamos ocos por dentro, buscando substituir em coisas materiais, para amenizar as frustrações do acaso.

E tudo era maravilhoso, como achar uma agulha no palheiro, para poder costurar o casaco rasgado. E quando estávam “apaixonados”, que beleza, não é mesmo, ganhar um sorriso, faltando “aquele dente de leite” da frente, era o mesmo, que acertar na loteria esportiva sozinho.

E quando a mamãe esquecia que já estava escuro, e as brincadeiras se prolongavam até mais tarde, e pra você nunca era tarde, para dar continuidade nos seus projetos importantes. E cansado, adormecia, sem tomar banho, e tudo lhe cheirava bem.

Sem reclamar da vida, avistavam novas perspectivas, num simples gesto, no partilhar de um pedaço de bolo de fubá feito pela vovó, do qual na época você achava “um manjar dos deuses” e hoje no mais sofisticado prato, disfarça que era tudo que queria degustar. Afinal é chique comer pouco, e tomar chá às cinco horas, numa pontualidade britânica de dar inveja.

Lembra-se, quando apanhava frutas na cerca vizinha, e tinha o doce sabor da simplicidade nas mãos, e era feliz, sem questionar tanto a vida, sem reclamar de pequenos detalhes, das contas á pagarem, graças aqueles que as tem, significa que está prosperando e levando a vida adiante.

E nos damos conta que a única herança que podemos deixar, é as palavras concisas na hora certa, o silêncio precioso, quando o outro fala, a humildade de aceitar o que no momento não pode ser mudado e viver feliz com aqueles e com aquilo que se tem de concreto nas mãos.

A vida é bela, para todo aquele que, não perdeu a doçura da infância, faz de pequenos momentos, grandes acontecimentos.

A vida lhe sorri hoje, abra as janelas!



09.07.2009

Saudade, em voz poética...




Saudade, em voz poética...
Águida Hettwer


O amanhã nos adverte que a comédia da vida explorada, está apenas ensaiando o capítulo. No silêncio que medita, não falsifica a história pelos avessos, relata de cara lavada, sem atenuar as marcas, sem fechar a porta para o passado.

Onde os anseios, nos acordam com volúpia, e assim enrodilhados no poncho dos sonhos, nos descobrimos “gente”. Soltando o verbo imperfeito, no sopro de lirismo ganha força, amenizando as dores da alma em voz poética.


Sem pedir benção, adentra a casa e faz morada, passional, não admite 3° pessoa no plural. Cativa para si à profecia, de um amor na íntegra, sem partilha de sentimentos a alheios. Sonda as entranhas, exprime em lágrimas, em saudade derrama-se.


A falta corrói pelas beiradas, risca na pele com giz de cera, faz do corpo, um porto de sensações, transcende a naturalidade dos fatos. Vira notícia, na primeira página, num discurso de linguagem nata. Agarra-se nas tranças do vento, eleva o sentimento aos céus.


Em desfecho editado na alma, sem aliviar a carga dramática, toma o rumo do coração. Persuadindo a ciência, conversa com o espírito em interação, num espiral de palavras profusas. E as dúvidas sejam as certezas do amanhã.

Despede-se a ansiedade, no abraço que envolve, nas carícias de perder o juízo, na voz embargada de saudade, murcharam as dores, despertaram sorrisos.



13.07.2009

Genuína amizade





Genuína amizade
Águida Hettwer

Quando se tem amigos, as palavras não se perdem no silêncio, na geografia da alma sempre tem espaço para mais um. Vozes gêmeas entoam canções, embalando sonhos. Mãos entrelaçam pela mesma causa, e corações pulsam no mesmo ritmo.

A amizade cultua gestos delicados, empresta o ombro, doa-se um colo a quem precisa. Acalenta as dores, no calor de um abraço, seca as lágrimas, com clareza conduz ao caminho certeiro, mostrando as flores e os espinhos. Admoestando com amor, revelando a verdade, apontando soluções.

A genuína amizade, incentiva, estimula e vibra, senta-se na primeira fileira para aplaudir de pé as vitórias e conquistas dos amigos. No corredor do pensamento, os amigos emolduram cenas juntos, cativam momentos onde o tempo, não consegue separar.

Nas amizades os desacertos, implicam a nós, exercitarmos afeto, paciência e companheirismo. Quem nunca disse um “sim” a um amigo, querendo dizer “não”. No manto da amizade, mistura-se estabilidade com ansiedade, faz reboliço com os sentimentos, traz calmaria ao estender as mãos.

Na pupila da amizade, amenizam as falhas, acentuam-se as virtudes, deita-se em tapete de cumplicidade, alarga-se compreensão. Guardam-se segredos na alma, desvendam-se mensagens subliminares, deixadas no olhar.
Do silêncio faz-se o grito, do riso partilhado se faz procissão.


As amizades não morrem... Apenas, alçam voo para rumos diferentes.


20.07.2009

No chão da memória





No chão da memória
Águida Hettwer


Quanto mais fujo das lembranças, mais elas me perseguem nas esquinas da memória. Meu olfato atiça num chiar da chaleira, no aroma roçando a campina, embrenhando-se num céu azul de anil. Retorno sempre no primeiro ponto, Aonde balançam os dourados trigais de Horizontina.

A terra vermelha encardiu minh´alma, aqueço-me ao redor do fogão à lenha, até as brasas, atingirem as cinzas. As letras brincam de boneca, com os amigos de infância, correm pela rua, atrás de vaga-lumes, rolam-se na grama, conversam entre si em plena sintonia.

O inverno chega mais cedo na infância, escrevo sob a película de geada no pára-brisa dos carros, as folhas cor de sépia forram o chão, arrastam os anseios, feito pássaros libertos de gaiolas. As portas das casas não têm tramelas, a passagem é livre, sento-me na cadeira de balanço de antepassados, concentrada ouvindo histórias.

No birô da memória, os livros têm cheiro de folha de laranjeira, nas páginas brotam sonhos, expondo das raízes ao caule. Como se a vida estivesse embrulhada em papel presente, e ao receber, rasgasse com avidez, em declaração de fé anunciada.

A alma cultua gestos simples, por mais que a vida esteja exposta às intempéries, as letras me proporcionam brincar no parque da infância, vozes, risos e palmas são misturados. Rangendo balanços de esperança, de uma geração futura, menos cibernética, e mais atuante.

As vestes guardam a poeira das brincadeiras, no chão da minha memória, permanecem os farelos de pão. Aonde somente é varrida a rotina, as histórias ficam.


17.07.2009

Amor maduro




Amor maduro
Águida Hettwer


Até parece que foi ontem que brincávamos de ciranda, os cânticos ainda ressoam vozes de infância. Momentos enfeitaram a face de marcas, fingimos não seguir a linha do tempo. As mãos calejadas guardam sinais, entrelaces de vidas. Ainda o olhar busca a serenidade que falta no palavrear.

Os passos perderam o vigor, mas não perderam o rumo. Apoiando-se no largo ombro, como se ainda ouvisse histórias onde o final é feliz. Contando segredos, com um gesto, ajeitando os prateados cabelos, feito sonhos que não deixou morrer por medo.

Sondando os anseios, como quem virando uma página, dá continuidade ao assunto. Uma releitura da alma, com direito a novos traços e siglas. Há tanta doçura nos lábios, pedindo atenção, há tanto desejo insistindo a aflorar. Infusão de maturidade e rebeldia no ato de amar.

Enquanto um descansa em sono reparador, o outro, aconchega sonhos na pálpebra. No salão da imaginação, são apenas duas áureas a bailar. Nenhum vestígio foi apagado, há digitais no corpo, das noites onde adentravam em carícias.

No amor maduro, perdura a compreensão, há pausa entre as vírgulas, descrição nos comentários, sabedoria nos atos, reticências nos olhar. Onde os relacionamentos não precisam ser discutidos, apenas carecem de colo e conforto de ideias.

Em zelo impermeável, abotoa-se o casaco, como se fosse de um filho. Agasalham-se com ternura um ao outro, inclinam-se para beijar novamente, para retardar a despedida.

No auge do frescor desse amor, a natureza contribui, no perfume delicado da flor, no barulho da chuva batendo no telhado, no sol que se espreguiça cedo, cultuando a vida, as cores e os amores que não morrem nas trocas das estações.

Um amor assim, como diria o poeta, que fascina e encanta não se desfaz em detalhes, sem ser extremista, pede licença e adentra. Refaz-se no amor, sendo espelho da sua própria existência.



27.07.2009

Vencedores e vencidos...





Vencedores e vencidos...
Águida Hettwer


Nada mais brilhante do que a memória de alguém bem vivido. Cada pequeno detalhe soma-se a outros, num livro sendo escrito dia após dia. Oposto para alguns onde a vida passa despercebida pela janela trancafiada da alma, não se vê o viço das flores, e nem o perfume que embriaga. As lembranças incrustam de pó e manchas de mágoas.

Quem nunca teve medo de escuro, que acenda primeiro a luz. Entre tantas escolhas, por receio das conseqüências, deixamo-nos envolver pela cortina do comodismo. Temos a desculpa na ponta da língua, o tempo, a idade, os filhos, os pais, enfim, uma infinidade de objeções.


O tropeço não se limita em quedas, vem muitas vezes para nos encorajar a seguir um novo rumo, e descobrir o potencial que estava adormecido. Por falta de estímulo, não se perde uma guerra. Usa-se das armas que tem em mãos, a criatividade liberta e intensifica, a ousadia sobrepõe.


O bem-sucedido levanta-se cedo, põe em pratica os rascunhos do papel, conclui as tarefas do dia. A inércia anda em círculos, e não sai do chão. Senta-se nele para reclamar, e culpar os outros por sua condição.


Os vencedores, mesmo na humildade enfeitam a casa, zelam por seus pertences, cultuam a boa educação dos filhos. Nos vencidos, o zelo, o adorno, enterram no comodismo.

No espetáculo da vida que se inicia a cada novo raio de luz, somos o palco, os protagonistas, a platéia animada, trabalhando e lutando, nessa jornada terrena. Na esperança que nos move a seguir em frente, de dias melhores para toda gente.

Feito criança, seguramos nas paredes, arrastamos sonhos, caímos, levantamos. Equilibrando-se na corda bamba da vida, rindo, chorando. Sentimo-nos seguros quando alguém estende os braços e diz: - Vem!

Somos aprendizes nessa passagem, quantas vezes o sol queimará a face, e o frio errepiará a pele, até cumprir a missão. Confessar fraquezas, não significa desmerecer os méritos. Os grandes homens da história, por muitas vezes se enganaram, quebraram regras, usaram a ousadia de várias formas e fizeram à diferença.

Os vencedores não se entregam em uma luta. Os vencidos sentam-se acomodados, aguardando apenas a morte bater nas costas.

07.08.2009

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Biografia Águida Hettwer Nasceu em 31 de março de 1974 na cidade de Horizontina no Rio Grande do Sul. Mora atualmente em Sapiranga/RS. Dedica-se às letras e as Artes no seu contexto amplo, desde muito jovem. Aprecia a simplicidade, a natureza, animais de estimação, Antiguidades e seu legado na história. Acadêmica de psicologia Feevale-RS. Faz da escrita uma terapia.