“ÉBRIO” Marcos Sergio T. Lopes

“ÉBRIO”

Louco, ensandecido
Vivia assim caído pelas sarjetas
Em total farrapo.
Preferia assim:
Em total delírio!
Num desvario sem fim.
Assim não tinha a amarga realidade
Cobrando de si as lembranças
Tão doídas.
E quando ensaiava chegar à sobriedade
Corria em qualquer boteco
Afogando-se em goles tantos
Que escorriam queimando por sua garganta
Causando extremo calor por dentro
Até deixar sua alma desfalecida.
Tinha sua estória
Que guardava nos seus silêncios
Bêbado inveterado
Era assim chamado
E dessa forma preferia ser lembrado.
Já era total dependente
Do liquido incandescente.
Tremia por vezes
Quando lhe faltava...
Chorava desesperadamente.
Mais e mais mergulhava no vicio
Não suportava as verdades
Preferia caminhar em total desatino
Afogar sua dor num copo
Deixar seu corpo largado
Num cheiro pútrido
Que nem ele mesmo suportava.
Um dia será encontrado
Numa calçada qualquer
Totalmente enrijecido.
Estará em paz então
Seu coração calado no peito
E seus segredos selados em seus lábios
Selados agora...
Pra sempre.
Dirão que o álcool lhe matou
Quando a verdade só ele sabe
E levará consigo.

Marcos Sergio T. Lopes – 10/06/2008