“ASSÉDIO” Marcos Sergio T. Lopes

“ASSÉDIO”

Louca ensandecida
Chegou sorrateiramente
Mostrando-se mansamente.
Afável, agradável...
Quase uma santa!
Checando seus espaços
Criando seus laços
Numa carência plena
No resfolegar de um desejo:
Insano e desvairado.
Soube de mim por inteiro
Sentiu o meu cheiro
Se arrepiando calidamente.
Amigo sincero
Disse do meu coração tomado
Do meu amor já doado
Enquanto por dentro ela se enchia de tormento.
Criou seu mundo
Colocou-me nele
Fez-me seu amante platônico
Seu objeto de tantas fantasias.
Eu... Nada sabia...
Apenas acreditava no seu empenho
Nos laços de amizade.
Algo estranho no ar...
Não sei explicar!
Aí vem ela
Arrancando sua máscara
Desnudando-se em todas as suas peças
Num desejo profano
Querendo tomar a força o meu corpo
Meu gosto e minha alma.
Me esquivo num susto
Agride diante da negativa
Não aceita ser renegada
Diante de tanta cobiça descabida
Que carrega por todos os poros.
Tamanho desagravo em sua cabeça
Afronta não esperada...
Insiste e se oferece desmedida
Confunde e se agita...
Desvencilho-me de seus braços
Fujo de suas garras afiadas
Vou embora.
Ela fica totalmente aturdida
Não acredita!
Quando cai em si
Chora diante da frustração
Do desejo não consumado
Por ter sido uma vez mais renegada.
Depois se levanta
E como uma naja
Se afastando lentamente.
Uma nova presa aparecerá
Poderá cair no seu bote
Se afogar no seu decote
Quem sabe...

Marcos Sergio T. Lopes – 20/06/2008