ANOREXIA Marcos Sergio T. Lopes

ANOREXIA

Sua estória começo cedo
Próximo do seu nascimento:
Menino belo e bochechudo
Extremamente saudável
Porém tímido e recluso
Totalmente carente.
Necessitava de uma atenção maior
No entanto, família grande,
Cheia de afazeres e poderes
Não se prendiam a tantos cuidados.
E o menino totalmente acanhado
Foi se recolhendo em sua concha
Causando pequenos danos a si mesmo
Numa desesperadora forma
De trazer os olhares dos entes querido para si.
Tentativa frustrada
Sem nenhum resultado premente.
Com isso, começou um processo de olhar exaustivamente no espelho,
Se achando feio, gordo e indecente.
Fato ilusório sem qualquer verdade
Que foi lhe tirando o apetite
Com idas e vindas naquele refletor
Que já lhe trazia uma silhueta mentirosa
Fruto da sua mente e carência.
Foi ficando debilitado
Sempre achando o contrário
A ponto de não ingerir nenhum alimento.
Fraco e cadavérico
Trouxe tardiamente o amor de todos
Quando tombou totalmente definhado.
Ficou um freqüentador assíduo de clinicas
Que no afã de grandes lucros
Só pensavam em enfiar-lhe goela dentro
Uma tonelada de alimentos
Sem nenhum sucesso.
Não entendiam que seu problema estava na cabeça
Na falta de amor que lhe deixava feio e desconexo.
Uma luz no final do túnel
Alguém que entendia seu mundo
Que lhe apertou nos braços
E, gradativamente e sem pressa,
Fê-lo sentir o carinho e atenção que sempre almejou.
Trouxe-lhe a vontade de viver
E, com isso, o apetite.
Hoje se encontra forte e saudável
Vendo-se em seu exato retrato
Sabendo trabalhar seus sentimentos e suas faltas
Para não cair de novo.

Marcos Sergio T. Lopes – 17/07/2008